segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Alguma Sexta-Feira, 28.

Sempre quis voltar pra casa e ter alguém. Alguém com quem pudesse compartilhar as ideias, o café da tarde, o bolo de microondas. Voltar pra casa só é bom quando se tem alguém. É agoniante voltar pra ficar vazio, desabrigado dentro de casa. São muitas taças, cômodos, cadeiras. O sofá é gigante só pra um e confortável pra dois. Mas, apesar de nunca querer estar só, eu quis por um momento estar. Compreendi que a vida as vezes é mas relaxante quando estamos sós. Vivemos exauridos de expectativas falhas, vãns. Sempre à espera de quem nos conquiste, conforte, abrace quente. Dai o amor chegou, dessa vez, não em forma de anjo. Foi um arcanjo com espada na mão, atravessando o peito com furor, com pressa. Cercada por perguntas e uma única certeza: Nada é por acaso. Sexta-Feira 28, no banco da praça, como nos velhos tempos o amor surgiu. Mão gelada, bigode suado, coração com pressa. A voz quase nunca sai em momentos assim. Falamos demais e não falamos de nós, não precisamos, o amor compreende olhares toques, silêncios. Seria covardia não entender tudo aquilo. Enquanto ele falava, eu só conseguia pensar em nada, branco, estática, imóvel. Admirei cada detalhe, gesto, olhar. Com os braços descansados no encosto do banco, debrucei o rosto e adormeci no amor. Era como o céu. Limpo, nuvens de algodão, olhos delicados e doces me constrangiam a todo momento e, não teve nem um momento ali em que eu não estivesse apaixonada por ele. Não sei, agora tenho com quem dividir o café, o bolo de microondas, as ideias. Ele é tão apaixonante que cabe em mim, na minha vida, nos meus planos.

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