sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Janela da alma

Hoje percebo que, liberdade excede ao entendimento e, você pode ter todas as definições para isso, mas nunca de fato saberá o que é ser livre. Estamos sempre presos às masmorras de alguém, sempre escondidos atrás dos sonhos e planos de outras pessoas, nunca fomos libertos ao que nos cativa, nunca fomos abertos ao que realmente será prazeroso à nós mesmos. Quando amamos alguém, vivemos um mundo imaginário onde tudo é cor, abrimos mãos das nossas próprias ambições para abrir espaço às alheias, nos prendemos de nós, de nossas vontades. Só agora é que compreendi a dor de gritar e não ouvir o eco, o mundo ali era pequeno demais pra mim, apenas uma janela me dividia do mundo, mas a porta era estreita demais para viver sonhos duplos. Abrir mão não era lúcido, por muito tempo eu intuía que estava sobrevivendo às margens de alguém, hoje, certifiquei-me.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Alguma Sexta-Feira, 28.

Sempre quis voltar pra casa e ter alguém. Alguém com quem pudesse compartilhar as ideias, o café da tarde, o bolo de microondas. Voltar pra casa só é bom quando se tem alguém. É agoniante voltar pra ficar vazio, desabrigado dentro de casa. São muitas taças, cômodos, cadeiras. O sofá é gigante só pra um e confortável pra dois. Mas, apesar de nunca querer estar só, eu quis por um momento estar. Compreendi que a vida as vezes é mas relaxante quando estamos sós. Vivemos exauridos de expectativas falhas, vãns. Sempre à espera de quem nos conquiste, conforte, abrace quente. Dai o amor chegou, dessa vez, não em forma de anjo. Foi um arcanjo com espada na mão, atravessando o peito com furor, com pressa. Cercada por perguntas e uma única certeza: Nada é por acaso. Sexta-Feira 28, no banco da praça, como nos velhos tempos o amor surgiu. Mão gelada, bigode suado, coração com pressa. A voz quase nunca sai em momentos assim. Falamos demais e não falamos de nós, não precisamos, o amor compreende olhares toques, silêncios. Seria covardia não entender tudo aquilo. Enquanto ele falava, eu só conseguia pensar em nada, branco, estática, imóvel. Admirei cada detalhe, gesto, olhar. Com os braços descansados no encosto do banco, debrucei o rosto e adormeci no amor. Era como o céu. Limpo, nuvens de algodão, olhos delicados e doces me constrangiam a todo momento e, não teve nem um momento ali em que eu não estivesse apaixonada por ele. Não sei, agora tenho com quem dividir o café, o bolo de microondas, as ideias. Ele é tão apaixonante que cabe em mim, na minha vida, nos meus planos.

domingo, 30 de novembro de 2014

A força do amor

Dentre os meus caminhos tortuosos encontrei a paz, a calmaria de um sono infantil abrasado no calor de uma mãe. Nos meus suspiros mais profundos encontrei o alívio de estar aconchegada no coração de um alguém. Sou lar, retorno, abraço que cura. Me encontro em total estado de perfeição. A satisfação, do amor infindo encontra-se alojada em meu peito, segura e inviolável. Indiscretamente meu corpo grita felicidade. Louco e entusiasmado com uma realização tão límpida quanto a água que corre a vertente. Meu coração não se anulou do amor e, em meio aos devaneios e caos, encontrou aconchego e entregou-se.

sábado, 29 de novembro de 2014

O amor é ser

Houve um tempo em que os sonhos se cruzaram, uma linha tênue traçada entre dois corações, era uma história que se recriava, um encontro sublime e indômito, nada seria capaz de deter. Raios e trovões competiam com as borboletas coloridas e alegres de um estômago frio, ácido. Era a reconstrução do Édem se fazendo dentro de um ser. Cólicas emocionais faziam arder o peito, veias saltitantes com sangue fervente consagravam uma nova criação da medicina, era o amor se materializando, tomando formas, encontrando seu lugar. Foi uma mão fria e trêmula, um olhar tagarela e uma boca silenciosa que determinaram todas as sensações incomuns de amar a quem não se conhece. Amar o calmo, o óbvio, o previsível... seria fácil demais. O amor veio carregado de surpresas, arrebatando o comum, surpreendendo, avassalando. O amor não é sublime, ele é perspicaz, grita tão alto que quando damos conta, estamos soando o último eco de felicidade!

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Chegou!

A gente sabe que é amor quando já não dá mais a mesma importância ao que as pessoas falam e, passa a olhar o outro com olhar de sonho, carregado de ternura e cheio de paixão. A gente sabe que é amor, quando a necessidade de cuidar ultrapassa a vontade de cobrar. A gente sempre sabe que é amor, quando não dava a menor importância a quem do nada, passou a ser tudo o que a cabeça pensa!

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Meu sol

É constelação de estrelas no olhar, poder de aprisionar sem dor, sem resistência. Uma chama que arde, ilumina e queima. Na chegada, fervor, tempestade, vulcão. Ao fim é paz que invade, serenidade afluente do amor, brisa que acalma e enriquece a alma. Dos temidos vales, és a ponte de ligação ao sol, tua doçura estonteia minha calma. Decifrar impossível, tens a certeza nas mãos, teu falar é exato, teus segredos confundem. Das certezas és meu caos, me perdi nas entrelinhas ao tentar te encontrar, tocar-te é impróprio, mas em noites frias é contigo que deito, é em ti que me basto. Você é graça, favor. De toda a tempestade, você é arco-íris.
De todas as razões que eu tive na vida pra ser completa e concluir meus projetos e sonhos, me vi inacabada e pela metade. O amor que constrói pontes indestrutíveis também constrói muros inatingíveis. Amando inteiramente, me descobri incompleta. Me descobri vivendo pouco a pouco, como um quebra-cabeças, sendo montada lentamente. Vou completando os espaços vagos, encaixando palavras, formando histórias, resolvendo meus próprios paradigmas. O amor me fez labirinto e ninguém me enxerga por completo, ninguém me vê inteira, crua, despida da dor.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Sobre o amor

O amor é uma reinvenção diária. E hoje eu sei que ele só acontece uma vez na vida de cada individuo. Quando amei, me coloquei aos pés da minha própria cruz, lavei a alma de altruísmo e favor, me vi escrava dos anseios egoístas e fugazes de doar-me por inteira. Nunca o outro pede, a doação é graça, favor imerecido. Entrega-se aquele que encontrou o amor. Despe-se de todo o benefício próprio, de todo o senso crítico em relação à vida. O amor nos recria e nos purifica. Nos faz santos e idólatras, nos veste de honra e fidelidade. Mas quando amei, soube o que era a perda para o tempo. Me vi estática para atravessar a fronteira dos países que serviram de lua de mel e agora causam a separação dos corpos. Amando me vi paralisada com a perda, fortificada com a solidão. Somos inertes quando descobrimos o amor. Desaprendemos a viver. Desaprendemos a chamar pessoas por nomes. O amor nos transforma em carinho e nos dignifica. O amor nos causa dor. Quando me vi amando, precisei entender a hora de partir, porque o amor nos faz entender. O amor nos constrange ao sofrimento alheio, nos ensina a largar, deixar partir. Somente quem amou, sabe a hora certa de deixar o vento levar. O amor traz a cura, ensina a viver. É louvado aquele que aprende a amar-se com a dor, aprende a ensinar-se com sua própria dor. O amor é o sentimento mais palpável que já conheci. Veio acompanhado de nome, sobrenome e todas as características de um homem bom. O amor é o sentimento mais contraditório que já descrevi. O amor abre feridas e as cicatriza também.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Ser Mãe

Por um longo espaço de tempo, vi algumas amigas sonharem a maternidade de uma maneira tão humanitária que me constrangia. Ao ver uma delas, na realização do seu maior sonho, passar por momentos dolorosos, decidi fazer alguma coisa aqui, pra guardar a alegria e o momento. Gravidez é vida, é quando uma mulher se percebe inteira! Sonhar maternidade é questionamento. Ser mãe é realização. Sonhei, pedi, intercedi. Planejei. Hoje sou mãe, aconteci. Sou, tenho, consegui. Minha vida guinou, saltou abismos dentro de mim. De solidão esvaziou-se a alma, onde vou levo comigo um ser que me ilumina, me engrandece, revigora. Sou preferência no banco, na filado mercado. Sou prioridade de viver. Quando fui mãe, reinventei-me, renasci. Não é feto, bebê... é minha resposta, é Deus dizendo: Cuida, é meu, te dou para amar e ensinar a ser digno, humano, amigo, ser filho!

domingo, 20 de julho de 2014

O amor é dúvida

Tenho tentado disfarçar que quando a gente ama, tenta ser melhor. Que todos os nossos conceitos vão pelo ralo e que passamos a viver para agradar o outro. Tenho tentado entender o porquê das coisas estarem em constante mudança e os motivos pelos quais o relacionamento passa de um ciclo natural para uma roda gigante de interpretações.  As coisas acontecem tão naturalmente que quando você se dá conta: pimba! Isso aconteceu comigo?  Aconteceu! Quando a gente gosta, entende que precisa dar ao outro aquilo que antes julgávamos impossível de abrir mão, seja material, seja emocional. Todos os nossos julgamentos certos e errados passam a ser somente opiniões mutáveis.  As nossas certezas passam a ser duvidáveis e acreditar no que o outro julga melhor, passa a ser nossa única certeza. Eu nunca vi trem pra ser tão incerto quanto o ser humano quando está entregue a outro alguém.  Você muda o cheiro, o jeito, o cabelo, os amigos, a bebida. Você muda do seu corpo para o corpo do outro. A ideia dele de vivência passa a ser sua casa quando você diz o primeiro sim com os olhos cheios de certezas. O amor desmorona a gente. Da cabeça ao teto.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Partindo

O desinteresse alheio ao partir sem acordo pré estabelecido, arde no peito de quem ficou, uma chama volúvel e inflamável que causa a laceração das paredes emocionais. É como um rasgo na carne, um chicote afiado mastigando o sangue e trançando as dúvidas fazendo permanecer a tristeza do não ter sido suficientemente capaz de fazer a quem tanto se amou, permanecer. Quando uma pessoa vai embora, deixa uma sensação tão fúnebre, que não há como duvidar de que o amor é vida e que quando se vai, leva sempre um pouco de nós, nos tirando a liberdade de amar desmedido outra vez.